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domingo, 5 de outubro de 2014

Gran Reserva

O vinho diminuindo no copo, o álcool subindo no sangue, as lembranças surgindo na memória
Saúde, saudade
De cor vermelha dilacerante
De cor púrpura como um bom vinho
O que sobra nessa noite vazia
É o vento lá fora
É só o vento lá fora
Das cobertas, lençóis, fronhas e travesseiros
Sobra o frio
Sobra o cansaço
Sobra essa apatia insaciável do mundo
Dos outros
O inferno são os outros
Já diziam
Sim, faz tanto frio
E sim, faz tanto tempo
Mas de que importa
É só o vento lá fora
É sempre só o vento lá fora
Não adianta dormir
Que a dor não passa
Ela fica
E em cada manhã
Ela morre
Mas no fundo, sempre fica.


Café sem açúcar

Entrelaçados, no meio de uma confusão de pernas e lençóis, os olhinhos verdes, aqueles que ficam pequenos toda vez que você sorri, me olhavam daquela maneira que só eles sabem
- O que foi?
- Que foi o que?
- Por que você tá me olhando? Sabe que eu tenho vergonha
- Te admirando 
As bochechas sempre ficavam mais rosadas quando você me olhava assim. As bocas, como ímãs, nunca resistiam a se juntar e ficar coladas assim por todo tempo que achassem necessário. Abraçados, beijados, deitados, com o rosto quente e com aquele sorriso sem dentes que mostravam muito mais, esses eram meus momentos preferidos.
O filme havíamos perdido, o almoço atrasado, a volta adiada, nada importava muito mais naqueles momentos, contanto que tudo aquilo pudesse durar um fim de semana, um mês, uma vida.
E hoje, na memória tão congestionada, na bagagem tão grande nas costas, são essas as lembranças que eu escolhi guardar. Não se sabe se os olhinhos verdes continuam a sorrir daquela maneira. Ingênua. Feliz. Como se nada no mundo pudesse fazer mal algum. 
Se não tiver, a gente inventa. Afinal, foi inventando tudo que a gente aprendeu a viver.